domingo, 24 de maio de 2015
Saúde no Japão: Saiba mais sobre a bactéria que infecta 50% dos japoneses e pode causar a gastrite e úlcera gástrica
Por volta dos anos 1980, foi descoberta a bactéria Helicobacter pylori, (abaixo H.pylori) vulgarmente chamada em japonês de “pirorikin” por ter preferência em habitar na porção do piloro do estômago. Antigamente, pensava-se que era impossível um microorganismo sobreviver no estômago devido ao seu alto nível de acidez (pH 1~ pH2).
Contudo, descobriu-se que esta bactéria consegue sobreviver nestas condições alterando por si, para um meio menos ácido, expelindo uma enzima denominada urease, e o produto de degradação desta, a amônia. Além disso, a bactéria possui flagelos com os quais se locomove ativamente e se “mergulha” na mucosa do estômago abaixo, protegendo-se da acidez local.
É a urease que causa danos na mucosa gastrointestinal, provocando sintomas de gastrite (arroto, náusea, sensação de desconforto, plenitude ou dor abdominal, vômito, inapetência, fadiga, azia, mau hálito entre outros).
O H.pylori é disseminado em muitos países do mundo, principalmente em países em desenvolvimento cuja condição da saúde pública é precária. A infecção por H.pylori ocorre geralmente pela ingestão de alimentos e águas contaminadas, e de pessoa para pessoa.
No Japão, estudos revelam que 50% da população é infectada e mais de 70% das pessoas acima de 50 anos sejam portadoras desta bactéria, por terem nascido e crescido na época pós-guerra quando o nível de higiene ambiental não era bom.
Contudo, nem todas as pessoas infectadas desenvolvem doenças gastrointestinais, mas o inverso é real, isto é, muitas pessoas com doenças gastrointestinais são portadoras desta bactéria.
Um em cada 6 pacientes com H.pylori pode desenvolver gastrite, úlcera gástrica e úlcera duodenal, câncer do estômago e um tipo raro de linfoma, o tumor linfocítico do estômago denominado MALT (mucosa-associated lymphoid tissue).
Além disso, estudos recentes têm mostrado associação desta bactéria com diabetes, infecções, e elevados níveis de hemoglobina glicada – a HbA1c.
O diagnóstico é feito pelos principais exames que são:
Detecção da bactéria através da biópsia via endoscópica e cultura
Exame de sangue, urina e fezes, com dosagens do anticorpo e antígeno contra H.pylori
Teste de expiração da ureia (dosagem de ureia expirada)
O tratamento consiste na esterilização das bactérias com uma combinação de 2 ou mais antibióticos por uma semana. O principal efeito colateral deste tratamento é a diarreia, pois elimina também a flora intestinal benéfica.
A alimentação com verduras e frutas principalmente brotos de brócolis, wasabi, gengibre, alho, repolho, chá verde, iogurte, lactobacilos LG21, Enterococcus faecalis entre outros, inibem a proliferação da bactéria H.pylori.
Por: Elza S.M.Nakahagi, médica do SABJA-Disque-Saúde do Conselho de Cidadãos do Consulado Geral do Brasil em Nagoia. Autora dos Dicionários e Aplicativos de Termos Médicos e Odontológicos.
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