Nesta segunda-feira, uma comissão de especialistas criada pelo governo do Japão realizou um debate público sobre meios de diversificar os modos de trabalhar. O objetivo é ajudar as pessoas a manter o emprego quando cuidam dos filhos ou prestam assistência a familiares com idade avançada. A comissão, que atribui importância à diversificação dos modos de trabalhar, vem discutindo medidas concretas. Neste Comentário, o diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Econômica do Japão, Tetsuro Sugiura, aponta algumas razões para haver uma revolução nos modos de trabalhar no país.
“A principal razão é a constatação de que teria caído para 0,5% o potencial de crescimento econômico do Japão. Nesta época em que a força de trabalho do país se encontra reduzida em comparação com os períodos de crescimento econômico acelerado, impõe-se o desafio de restaurar certas taxas de crescimento. No Japão, houve um aumento no número de funcionários não efetivos — que já ultrapassam 40% da força de trabalho. Desse total, mais de 3 milhões são indivíduos aos quais não resta alternativa além de permanecer trabalhando como funcionários não efetivos. Esta realidade contribui para compor uma situação em que a remuneração dos trabalhadores não vem subindo no país como um todo. A remuneração acumulada pelos funcionários não efetivos ao longo da vida é menos da metade ou um terço da recebida pelos funcionários efetivos. É muito difícil, assim, para funcionários não efetivos, ter filhos ou formar família. Tem-se aí uma das causas básicas da queda na taxa de natalidade e do aumento na proporção de idosos na sociedade.
Além disso, existe no Japão a dificuldade das mulheres em conseguir emprego adequado aos seus anseios e à sua capacidade. Por exemplo, quando uma mulher retorna ao mercado de trabalho após o nascimento de um filho, em geral só recebe propostas de emprego não efetivo. Outro exemplo: quando ambicionam um cargo administrativo, as mulheres podem ter de desistir por causa da longa jornada da função ou por não encontrar uma creche para cuidar dos filhos.
Uma das características do modo japonês de trabalhar são as longas jornadas em vista da prevalência do sistema que as valoriza. A menos que desapareça essa ênfase, não seremos capazes de trabalhar de modos que sejam adequados às nossas habilidades e à nossa disposição.
Concretizar uma remuneração uniforme para trabalhos da mesma natureza, aumentar a quantidade de funções administrativas disponíveis para as mulheres e reduzir as longas jornadas de trabalho. Essas são as medidas importantes não apenas para a economia japonesa, como também para a sociedade como um todo, de maneira a proporcionar aos indivíduos oportunidades de trabalho que correspondam à sua disposição e à sua capacidade.”
Fonte: NHK WORLD
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