quinta-feira, 3 de março de 2016

Conheça as sukeban, uma gangue de colegiais que aterrorizava o Japão nos anos 70




Nos anos 70, o Japão foi aterrorizado por gangues sukeban de meninas adolescentes, que levavam lâminas escondidas embaixo de suas saias de escola. Sem surpresa, isso inspirou toda uma geração de cineastas e rebeldes adolescentes de hoje, é o que conta o site Broadly.
Jake Adelstein, escritor especialista em crime japonês explica que na yakuza, as mulheres não tinham e não têm autoridade e quase não há membros do sexo feminino. Na década de 70, o mundo estava falando de feminismo e libertação, e talvez elas sentissem que as mulheres também tinham o direito de ser tão estúpidas, promíscuas, viciadas em adrenalina e violentas quanto seus colegas homens, surgindo, então um grupo paralelo de mulheres que aterrorizavam.
Enquanto as integrantes das gangues sukeban cometiam pequenos crimes e brigavam com gangues rivais, elas ainda mantinham um código de justiça severo. Cada gangue tinha uma hierarquia e seus próprios meios de punição — queimaduras de cigarro eram consideradas sentenças menores por roubar um namorado ou desrespeitar outra integrante da sukeban. Essas garotas tinham seus valores morais e se mantinham firmes a eles. Uma lealdade feroz era mantida nas gangues. E, mesmo odiando o mundo, pelo menos elas estavam odiando o mundo juntas.
Para a Dra. Laura Miller, professora da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, que trabalhava em Osaka, no Japão, durante o ápice das sukeban “parecia que a rebeldia delas estava ligada ao fato de que elas sabiam que nunca se tornariam princesas de escritório ou a esposa adorável de um rico salaryman [uma espécie de executivo engravatado japonês]”.
O legado das sukeban se tornou maior que a soma de suas partes — o que começou com gangues de ladras indisciplinadas se transformou, com ajuda da bolha econômica e do crescimento da exposição na mídia, um dos principais componentes do retrato das mulheres nos anos 70.
“Havia incontáveis filmes, quadrinhos, romances, animes e também versões pornôs dos produtos sukeban da mídia”, lembra a Dra. Miller de seu tempo em Osaka. “Para as mulheres de classe média, as sukeban na mídia eram um alívio bem-vindo, um contraponto a estrelas fofas e alegres como Matsuda Seiko. Para as garotas nas escolas de classe baixa que sofriam bullying das verdadeiras sukeban, elas eram fonte de medo e distanciamento, similar a imagem que os japoneses têm da yakuza. Ao mesmo tempo, também como a yakuza, elas eram admiradas por ter seu próprio código de honra e pelo valor que davam à lealdade nas gangues”.
As gangues de garotas contemporâneas agora andam de moto, pintam as unhas e sobem as saiam como novos meios de solidariedade. Consideradas mais bem-acabadas que suas predecessoras, esses grupos ainda são conscientes de seu status de classe e construções sociais de seu país. Suas noções de sukeban podem ser romantizadas — ou como coloca Adelstein, uma “tentativa deliberada de recriar a mística das gangues, mas da maneira como isso era mostrado, não da maneira como realmente era”. Ainda honrando sua herança, essas novas gangues encontraram conforto e uma plataforma para individualidade e rebeldia que se encaixa para elas, e para mais ninguém.
FONTE: VICE

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