Por Uehara Yuu
Fonte:Nhk World Press All Rights Reserved
Na segunda-feira o Japão marcou os dois anos desde o terremoto e tsunami de 11 de março. O Comentário de hoje é a terceira de uma série de quatro partes sobre os dois anos do desastre. Nesta edição vamos falar sobre a revitalização de terrenos agrícolas nas regiões atingidas pelo desastre. O tsunami causou prejuízos devastadores em terras de cultivo em regiões costeiras, e a restauração desses terrenos é uma questão importante. Yutaka Nakai, professor da Faculdade de Pós-Graduação em Ciências Agrícolas da Universidade de Tohoku nos fala sobre o projeto de cultivo de "nano-hana", ou flores de colza, nesses terrenos.
Começamos perguntando sobre como anda o trabalho de restauração em Fukushima, Miyagi e Iwate, as três províncias mais afetadas pelo desastre de 2011.
Nakai diz: "Eu acho que na província de Miyagi a restauração das terras agrícolas está avançando relativamente depressa. Segundo funcionários daquela província, 90% dos campos de fazendas serão restaurados durante o ano fiscal de 2013. Contudo, na província de Fukushima, onde aconteceu o acidente nuclear, cerca de 40% das regiões agrícolas encontram-se dentro da zona proibida devido à radiação, e não há previsão para o início do trabalho de recuperação dessas áreas. Já na província de Iwate, os funcionários do governo local informam que o trabalho já foi iniciado em cerca de 42% dos campos agrícolas. Mas ainda não há um cronograma para o trabalho de recuperação porque, em geral, os pequenos povoados sofreram grandes estragos."
Mas por que Nakai teve a ideia de plantar as flores de colza.
Segundo o professor, quando o solo é danificado pelo sal, plantas como o arroz não crescem. Contudo, ervas daninhas crescem rapidamente nesses terrenos abandonados e num período de 3 ou 4 anos, além dessas ervas começam a aparecer também arbustos e pequenas árvores. Se chegar a esse ponto, fica muito difícil retornar esses terrenos ao plantio. É muito importante continuar plantando para proteger os campos de cultivo. Por isso Nakai achou que seria uma boa ideia plantar a colza, que é resistente ao sal. Sua equipe começou este projeto em cerca de dois hectares de terras agrícolas perto de Sendai, a capital da província de Miyagi.
Quais são os próximos planos de Nakai?
O professor disse que havia, a princípio, pensado apenas em colher sementes para a produção de óleo. Mas ele percebeu que a colza pode ser usada de várias maneiras, podendo inclusive ser consumida como alimento, antes da floração. Suas flores são ornamentais e as sementes dão óleo.
Atualmente, a equipe de Nakai está plantando colza em cooperação com a população da cidade de Minamisoma, perto da usina nuclear Fukushima 1, na província do mesmo nome. Dados coletados no ano passado provam que o césio radioativo não entra nas sementes produtoras de óleo, ou seja, a colza pode fornecer um combustível não-contaminado. Nakai acredita que agora medidas precisam ser implementadas para revisar o sistema legal e proporcionar ajuda do governo aos agricultores. Ele conclui dizendo acreditar que esse projeto pode não apenas utilizar os campos agrícolas em seu estado atual como também salvar esses agricultores.
Este foi o Comentário.