Entre o final de maio e o mês de junho, esteve no Japão para treinamento com duração de cinco semanas uma equipe de 21 técnicos que atuam em medidas antidesastre no Brasil. Nos últimos anos, o país vem promovendo esforços neste setor e dando ênfase a medidas preventivas, como estratégia nacional.
Neste Comentário, o diretor do departamento de políticas de acessibilidade e planejamento urbano do Ministério das Cidades do Brasil, Yuri Rafael Della Giustina, fala de medidas que o governo brasileiro promove para reduzir os riscos de calamidades.
— Quais são as finalidades do programa de treinamento feito no Japão?
“Esta visita dos brasileiros ao Japão é parte das atividades previstas no acordo de cooperação entre o Brasil e o Japão que nós chamamos de ‘Projeto de Fortalecimento da Estratégia Nacional da Gestão Integrada de Risco em Desastres Naturais’, o qual nós apelidamos de ‘Gides’. Essa visita teve como objetivo específico o treinamento, a capacitação das equipes de brasileiros em mapeamento de risco e planejamento urbano visando a gestão de risco. Além do Ministério das Cidades, que é o coordenador do projeto, também fizeram parte o Ministério da Integração, o governo do Estado de Santa Catarina, as prefeituras de Nova Friburgo, Petrópolis e Blumenau, e a CPRM.
O Japão tem um histórico e um leque de desastres naturais que ocorrem que o Brasil até então não estava preparado para enfrentar. Então a experiência do Japão especialmente no registro, na base de dados destes desastres, que já vem de longos anos, foi uma coisa que impressionou muito os técnicos brasileiros. Em outubro próximo, vamos ter um outro treinamento de técnicos brasileiros aí no Japão com os temas mais específicos a ser prevenção, alerta e reconstrução.
Os técnicos brasileiros participaram de palestras de aulas administradas por diversas instituições japonesas.
Visitaram várias instituições, como por exemplo, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), o Ministério dos Transportes e Infraestrutura, as cidades de Kure e Hiroshima na província de Hiroshima, a província de Nagano, a Agência de Meteorologia do Japão, a Associação Japonesa de Meteorologia. Enfim, uma série de instituições que tratam sobre as questões de desastres naturais.”
— Por que o Brasil realiza esforços para reduzir os riscos de calamidades?
“Após o desastre de 2011 que envolveu o deslizamento de encostas e inundações especialmente na região serrana do Rio de Janeiro, houve um esforço do governo brasileiro em organizar toda a parte de gestão de riscos do Brasil.
Anteriormente se tinha uma frequência também de desastres, mas com os números bem menores. Sem dúvida as mudanças climáticas podem estar associadas a esse aumento de desastres naturais. E existe no Brasil também uma questão bastante complexa, que é a ocupação de áreas de risco especialmente por população de baixa renda. Mas não é uma exclusividade da população de baixa renda. Nós vimos, por exemplo, nestes desastres de 2011, áreas ocupadas por população de média e alta renda que foram atingidas por deslizamentos de encostas — áreas que até então se considerava seguras.
Então existe uma questão de ocupação, Por isso a cooperação japonesa traz um dos produtos, vamos dizer, o planejamento da expansão urbana, como um manual a ser desenvolvido em cooperação com os técnicos brasileiros para melhorar, então, para otimizar a ocupação de novas áreas para expansão da cidade. Toda essa produção técnica vai ser disseminada... bom, primeiro vai ser testada nos municípios-piloto, ajustada, e depois disseminada pelos demais municípios, especialmente pelos municípios que estão sujeitos a desastres naturais.”
Fonte: Nhk