Por Uehara Yuu
Fonte:NHK World Press All Rights Reserved
No dia 5 de dezembro o gabinete do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, aprovou um pacote de estímulo econômico no valor de aproximadamente 54 bilhões de dólares. O conjunto de medidas econômicas tem como objetivo prevenir o país contra os efeitos negativos do aumento do imposto sobre consumo, que entrará em vigor em abril do próximo ano. Outro objetivo seria incentivar o crescimento econômico do país. O governo espera que as medidas econômicas aumentem o PIB do Japão em cerca de 1% e criem cerca de 250 mil empregos.
Hoje, no Comentário, conversamos com Hideo Kumano, Economista-Chefe Executivo do Instituto de Pesquisas Daiichi Life, sobre o novo pacote de estímulo e o futuro da economia japonesa.
O pacote de estímulo inclui medidas para deixar o Japão mais competitivo, como a promoção de pesquisas e criação de novos medicamentos, além de medidas para melhorar a preparação, segurança e reconstrução no caso de desastres naturais. O conteúdo deste pacote é suficiente?
Kumano diz: "O pacote de estímulo foi intitulado "medidas econômicas para completar um ciclo positivo". O aumento no imposto sobre consumo poderia resultar num aumento nos encargos das famílias no valor de cerca de 80 bilhões de dólares. As medidas econômicas visam estimular projetos de obras públicas e investimentos corporativos em equipamentos, entre outros. Espera-se que isso crie um bom ciclo, gerando salários mais altos que vão aumentar a renda dos domicílios. As medidas têm como objetivo fortalecer a população para que ela possa pagar um imposto sobre consumo mais alto.
A questão é, por exemplo, se os mais de 30 bilhões de dólares destinados a projetos de obras públicas vão realmente resultar em benefícios à renda domiciliar. Na essência dos projetos de obras públicas, fundos colocados no setor da construção têm uma ligação com a renda dos assalariados. Isso pode gerar um ciclo positivo.
Se o esquema para criar fundos para obras públicas não conseguir criar este ciclo positivo devido à falta de demanda, não vai adiantar criar um outro esquema de financiamento. Nessas circunstâncias o governo teria de continuar financiando, por um tempo indefinido, novos projetos de obras públicas. Enquanto existir essa falha no sistema, acredito que haverá incertezas sobre a capacidade de criar este ciclo positivo neste momento."
Kumano observa porém que o governo de Abe está tentando maximizar o aumento dos salários no final do primeiro trimestre do ano, época em que os salários são tradicionalmente negociados no Japão. Conversações entre três partes já começaram a ser realizadas entre membros do escritório do primeiro-ministro e representantes das corporações e dos sindicatos. O comentarista acredita que, desta forma, o governo estaria tentando fazer o dinheiro se movimentar do setor corporativo para os lares, mesmo se as medidas econômicas não forem suficientes para chegar a esta meta.
Kumano conclui dizendo que, se o governo conseguir persuadir as companhias a aumentarem o salário de seus empregados a partir de abril, isso poderá assinalar o início de um novo ciclo positivo.