O endividamento das famílias na Coreia do Sul

Por Uehara Yuu
 fonte:World Press All Rights reserved
A economia é um dos principais temas de campanha da eleição presidencial da Coreia do Sul que será realizada em dezembro. Um grande problema da economia sul-coreana é o crescente endividamento das famílias. Os candidatos à presidência tentam ganhar votos com seus planos de reduzir as obrigações de restituição, que atingem níveis perigosos. No Comentário de hoje, o professor Kim Gene Uhb, da Universidade Konkuk, da Coreia do Sul, nos fala a respeito do problema.
 O professor diz que, segundo as estatísticas, a média de endividamento por domicílio em 2011 era de 46.800 dólares, o que representa um aumento de 12,7% em relação ao ano 2010. Dos domicílios sul-coreanos, 62,8% estão endividados. Até 30 de junho deste ano, o montante total da dívida familiar da Coreia do Sul, havia chegado a 830 bilhões de dólares.
Esse é um valor gigantesco que representa cerca de 75% do Produto Interno Bruto sul-coreano de 2011. As dívidas de financiamentos imobiliários representam 61,1%, e em seguida estão as dívidas empresariais em 28,4%. Juntas, elas perfazem 90% do endividamento das famílias da Coreia do Sul.
 O mercado imobiliário da Coreia do Sul permanece estagnado. As pessoas não conseguem encontrar compradores para suas propriedades, mesmo a preços reduzidos. E mesmo que elas vendam suas casas, continuam endividadas, fato que representa o principal obstáculo à liquidação dessas dívidas familiares. Um outro problema é que, na Coreia do Sul, muitos trabalhadores assalariados que estão no final da faixa dos 40 ou no início da faixa dos 50 anos de idade deixam suas empresas para iniciar um negócio próprio.
Esses trabalhadores contraem dívidas para financiar seus novos empreendimentos. Contudo são poucas as chances de sucesso. Fracassos empresariais que resultam em grandes dívidas e em famílias destruídas viraram um problema social na Coreia do Sul. Os empréstimos imobiliários e empresariais são o principal componente do endividamento das famílias. Mas, devido à economia morosa, essas dívidas são difíceis de serem liquidadas. O governo sul-coreano implementou diversas políticas para reduzir a dívida familiar, mesmo que isso resulte em maiores gastos do governo.
 Contudo, mais gastos governamentais levam inevitavelmente a um déficit fiscal. Após se unir à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico em 1996, a Coreia do Sul superou a crise financeira da Ásia em 1997 e a crise desencadeada pela falência da Lehman Brothers em 2008. Mas teme-se que o problema do crescente endividamento das famílias cause um dano maior à sociedade do que estas duas crises financeiras. Esse foi o Comentário.