O setor industrial de eletroeletrônicos no Japão encontra-se em uma encruzilhada. Quarta-feira a Toshiba — primeira empresa japonesa a produzir lavadoras de roupas e geladeiras — anunciou que venderia a sua subsidiária de linha branca para o Grupo Midea, da China. No sábado, divulgou-se que a Sharp aceitava oficialmente a oferta de controle acionário feita pela indústria de aparelhos de precisão Hon Hai, de Taiwan. Neste Comentário, Junjiro Shintaku, professor de pós-graduação da Faculdade de Economia, da Universidade de Tóquio, fala sobre o setor industrial de eletroeletrônicos do Japão.
— Que razões levam este setor industrial a enfrentar dificuldades no Japão?
“Acredito que haja uma variedade de razões, mas cabe dizer que uma delas é a concorrência. Um dos fatores é a ascensão das sul-coreanas Samsung e LG, e de diversas fabricantes de eletroeletrônicos chinesas, como o Grupo Midea, que recentemente adquiriu a subsidiária da Toshiba. Outro fator são os custos elevados de fabricação de produtos no Japão. A acelerada valorização do iene — que agora mostra recuo temporário — também embotou a margem de competição das empresas japonesas.
No entanto, diante da indagação quanto a uma continuidade desse quadro, a conclusão é de que não se trata exatamente disso. A remuneração dos trabalhadores está em alta na China. Houve um tempo em que se dizia que os custos trabalhistas no país fossem um décimo ou um vigésimo dos prevalecentes no país. Agora, são provavelmente um quinto ou um terço dos praticados no Japão. Nesse patamar, entra em cena a produtividade — outro fator que influencia a competição de custos. Existem fábricas no Japão em que a produtividade chega a ser de três a cinco vezes a da China. No conjunto, já há fábricas no Japão que produzem a um custo inferior ao de suas concorrentes instaladas na China. Não é preciso dizer que, nesta era atual da globalização, unidades de produção no Japão não são capazes de, sozinhas, suportar o encargo de vencer a concorrência. Ao mesmo tempo, percebe-se que são em geral fortes multinacionais japonesas com a sua fábrica matriz instalada no Japão. São empresas capazes de tirar o máximo proveito dos seus pontos fortes ao expandir sua atuação em âmbito global por ter uma forte base industrial no próprio país. Manter no Japão uma base capaz de atuar como núcleo é um fator fundamental para que a empresa torne-se vitoriosa globalmente.
A economia japonesa exibe sinais de recuperação, e há iniciativas para repensar o país como base industrial. A ocasião é propícia para restaurar e fortalecer o Japão nesse sentido.”
Fonte: NHK
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